Responsabilidade de lideranças masculinas: O papel dos homens na construção de ambientes mais justos e inclusivos

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Sou Daniel, estou como diretor executivo da TODXS e cresci acreditando que liderança era sinônimo de mérito, esforço e talento. Mas, ao longo da minha trajetória, fui entendendo que minha presença em espaços de poder não é apenas fruto das minhas escolhas e habilidades – é também reflexo de um sistema que historicamente favorece homens, especialmente homens cisgêneros brancos como eu. E reconhecer isso não diminui minhas conquistas, mas me dá clareza sobre a responsabilidade que carrego.

Hoje, como homem e liderança, sei que o meu lugar pode – e deve – ser usado para impulsionar mudanças estruturais. Afinal, se homens seguem ocupando a maioria dos cargos de decisão, não podemos transferir exclusivamente às mulheres a tarefa de corrigir essa desigualdade. A equidade de gênero não é só uma bandeira feminina, mas um compromisso coletivo. E, para nós, homens em posições de liderança, esse compromisso exige reflexão, escuta e, principalmente, ação.

A realidade: A ausência de mulheres em posições de liderança

Nos últimos anos, avançamos em muitas frentes quando o assunto é equidade de gênero no mercado de trabalho. No entanto, os dados seguem demonstrando que a liderança corporativa ainda é majoritariamente masculina. Segundo levantamento da ONU Mulheres, apenas 6% das empresas listadas na Fortune 500 são lideradas por mulheres. No Brasil, uma pesquisa da Mattos Filho aponta que a presença feminina nos altos cargos ainda enfrenta barreiras estruturais e culturais.

O desequilíbrio de gênero na liderança corporativa não é uma questão de falta de qualificação. Mulheres têm mais anos de estudo em média e apresentam performances equivalentes ou superiores em diversas avaliações de competências técnicas e de liderança. No entanto, estereótipos de gênero, falta de rede de apoio e desafios como a dupla jornada segue limitando seu avanço profissional.

Na TODXS, essa realidade sempre esteve no centro de nossa atuação. Desde nossa fundação, buscamos não apenas fomentar a inclusão produtiva de grupos minorizados, mas também criar um ecossistema onde mulheres, especialmente mulheres LBTI+ e negras, tenham oportunidades reais de liderar e transformar suas comunidades dentro e fora da ONG. 

O papel das lideranças masculinas

Se o problema é estrutural, a solução também precisa ser. Homens em posições de liderança têm um papel crítico na mudança desse cenário, e isso passa por três ações principais:

  1. Reconhecer seus Próprios Privilégios e Viés Inconscientes: Todo homem em posição de poder precisa fazer uma autoavaliação honesta. Como sua trajetória foi facilitada por um sistema que favorece homens brancos cisgêneros? Como ele pode usar esse privilégio para abrir portas para mulheres?
  2. Atuar Como Aliado Ativo: É preciso mais do que discursos sobre diversidade. Apoiar mulheres na liderança passa por criar oportunidades reais, patrocinar suas carreiras e garantir que tenham voz nas tomadas de decisão.
  3. Implementar Políticas Corporativas Eficientes: Programas de mentorias, metas de diversidade, licença parental igualitária e ambientes de trabalho seguros são fundamentais para transformar a realidade das mulheres nas empresas.

Construindo um futuro mais equitativo

Não basta apenas reconhecer a desigualdade: é necessário agir. Empresas que promovem a equidade de gênero são mais inovadoras, lucrativas e sustentáveis. Mas, acima de tudo, estamos falando de uma questão de justiça social. Cabe aos homens que hoje ocupam posições de liderança a responsabilidade de acelerar essa transformação.

Na TODXS, buscamos ser um exemplo dessa mudança. O Censo 2024 da ONG revelou que 51,4% das pessoas da ONG são mulheres, enquanto 31,4% são homens. Mais significativo ainda é o dado sobre liderança: 74% dos cargos de liderança dentro da TODXS são ocupados por mulheres. Esses números demonstram que, quando se cria um ambiente que valoriza a diversidade e a inclusão, a liderança feminina floresce.

Agora, a pergunta que fica para cada líder masculino: o que você está fazendo para mudar essa realidade? A equidade de gênero é um compromisso de todos. Desafie suas próprias crenças, patrocine mulheres no seu time e implemente políticas reais dentro da sua organização. A mudança começa agora. Vamos juntos?

Compartilhe este artigo e marque os líderes que precisam entrar nessa conversa.

Com esperançar, 

Daniel Kehl – Diretor executivo 

Referências:

  • ONU Mulheres: Relatório sobre a presença de mulheres na Fortune 500
  • Mattos Filho: Pesquisa sobre desafios das mulheres em cargos de liderança
  • Censo 2024 da TODXS

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